domingo, 8 de março de 2009




FINGIR PRA QUÊ?* ou "O PRAZER É TODO MEU"...

* Este texto é fruto de uma provocação: - “Escreve para o grupo, vai. Disse-me Márcia Ribeiro, (poetisa carioca) do site www.anjoscaidos.jor.br o (ou foi no grupo do www.anjosdeprata.com.br )? Ao telefone. Estamos conversando sobre prazer, sobre sentir, sobre fingir...” - Compartilha tua opinião conosco... Engoli corda, escrevi, meu companheiro encaminhou ao grupo e os Anjos foram muito simpáticos comigo.
Isso foi em 2003, se não me falha a memória, mas não mudei de opinião.
Revisitei este texto ao rever o filme "O Prazer é todo Meu"(Tout le plaisir est pour moi, Françe, 2005) Saudades de Márcia.
Recanto das Letras, em 12/08/2007

FINGIR PRA QUÊ?

Amigos Anjos: a Márcia me provocou e eis-me aqui aceitando o desafio proposto. Antes de qualquer coisa, permita-me invadir suas telas em lugar não permitido, mas convidada por uma Anja, com a intenção, literal, de apimentar a conversa e jogar lenha na fogueira, com o compromisso de ser bem direta.
Iniciarei problematizando (sou Freireana...): por que fingir sentir o que não sentimos?
Para não magoar quem (com sua insensibilidade) nos magoa?
Para agradar (mesmo que não SE agrade)?

Para satisfazer (mesmo que não SE satisfaça)?
Finge, por que não conhece seu corpo?
Finge, por que não se permitiu “aprender como se goza”?
Finge, por que fingindo acaba logo?
Finge, por que não gosta nem se permite gostar?
Finge, por que gozar é pecado?
Finge, por que se permitir prazer não é coisa de mulher séria?
Fingir pra quê?

Por que não fingir?

Fingir deve dar mais trabalho do que ser honesta consigo mesma. Fechar os olhos, ouvir seus desejos, aprender a geografia do próprio corpo, conduzir o ritmo do parceiro, relaxar. Fingir deve dar mais trabalho do que olhar para nós e admitir nossa condição de fêmea, de que temos hormônios que às vezes estão em baixa e outras nos fazem subir pelas paredes.
Fingir deve exigir mais do que a aventura de reconhecer que temos fantasias (que nem sempre pretendemos realizá-las, mas temos), que o nosso tesão é latente e, a qualquer momento, em qualquer situação, sob qualquer pretexto, pode ser ativado.
Além do que fingir “vamo combinar” que é absolutamente humilhante, reduz a gente à condição de disponibilidade eterna. Ora bolas, não sentir vontade, sempre, é natural, é orgânico (lembremos-nos dos hormônios). Fingir não dá brilho no olho, pele boa, riso fácil ou produção de endorfina. E aquela que finge se priva de experimentar uma sensação maravilhosa que só quem goza sabe.
Adotem este lema cujo autor me foge à memória: sexo quando é ruim, é bom; e quando é bom, é ótimo.
E não coloque na mão (ou no pênis) de seu parceiro a responsabilidade da sua felicidade. Um beijão para todos!

Edna Lopes

Nenhum comentário: